Há muitas teorias de como as cores das faixas surgiram nas artes marciais. Por exemplo, existe uma versão que afirma que os alunos de karatê receberiam uma faixa branca que gradualmente ficava manchada com seu uso, acabando por ficar marrom, preto e branco novamente. Apesar de ser uma história maravilhosa, não é nada mais que isso, apenas uma história.
As faixas coloridas têm sua origem no judô, assim como o treinamento com o ‘gi’, ou mais corretamente em japonês, ‘dōgi’ ou ‘Keikogi’.
O uniforme moderno de karatê e judô foi introduzido pelo fundador do judô, Kanō Jigor, em 1907. Jigorō adotou o uniforme moderno e uma faixa fina amarrada na altura da cintura, o que proporcionava uma sustentação firme para o meio do corpo.
As cores consistiam em branco e preto. Branco para os menos experientes (mudansha) e preto para os mais experientes (yudansha). Branco denotava simplicidade e pureza, demonstrando que o aluno começava vazio, mas acabava se enchendo de conhecimento.
Pouco depois de criar o judô na década de 1880,
Jigorō começou a conceder a alguns de seus alunos o grau de Shodan,
literalmente “grau de iniciante”, que é o menor posto de um faixa preta.
Ao contrário da crença popular, o uso das faixas coloridas para denotar graduações ou habilidade em artes marciais não existe há tanto tempo, sendo introduzido por volta da virada do século XX.
O sistema de graduação foi inspirado pela metodologia de Dan existente no jogo de tabuleiro Go que já tem 5.500 anos. Antes disso, estudantes mais experientes nas artes marciais japonesas tendiam a receber pergaminhos indicando suas habilidades e licença para ensino.
Hoje em dia, a maioria dos praticantes de artes marciais possuem um grande apreço por sua faixa, uma vez que denota a sua própria determinação e realizações. Alguns classificam que a faixa é para o karateka como a espada era para o samurai.
Assim, usar o dogi/faixa em público pode ser considerado inadequado, demonstrando exibição ou até mesmo como um desafio.
As faixas no KYOKUSHIN KARATE
No Kyokushin, a ordem das faixas varia entre algumas organizações, por exemplo, substituindo a laranja pelo vermelho, mas eles seguem as classificações de kyu na maior parte do tempo.
O sistema foi introduzido pelo seu fundador, Masutatsu ‘Mas’ Oyama, que foi um ex-aluno do Shotokan, do mestre Gichin Funakoshi, no qual ele obteve o posto de Faixa Preta 4º Dan. Ele também era detentor da Faixa Preta 7º Dan no Goju-ryu e Faixa Preta 4º Dan no Judô.
O sistema de faixas é dividido em 10 categorias de Kyu (graduações iniciantes) e 10 graduações de Dan (avançadas). Cada faixa colorida tem dois níveis, sendo o segundo representado por uma pequena listra na ponta da faixa.
O faixa branca (Mukyu) significa literalmente sem grau. Como tal, é usado por praticantes que ainda não são classificados. O sistema de Mas Oyama seguiu esta ordem desde a década de 1960, com exceção do cinturão vermelho, que foi incorporado apenas no último ano de sua vida, substituindo o cinturão branco usado anteriormente com uma ou duas listras vermelhas.
Enquanto alguns grupos também usam a faixa vermelha para graduações de Dan mais altas, Sosai Mas Oyama não seguiu essa prática em seu dojo, sempre vestindo uma faixa totalmente preta.
Talvez a interpretação mais lida e respeitada das exigências psicológicas fundamentais de cada nível de faixa seja encontrada no livro The Budo Karate, escrito pelo ex-aluno e intérprete do Sosai Masutatsu Oyama, Cameron Quinn.
As descrições abaixo são trechos deste livro:
FAIXA BRANCA
– Nível de pureza e potencial
Sendo novo e carente de experiência, o coração do faixa branca é dito cheio de esperança. Desta esperança brota o primeiro entusiasmo para treinar e aprender.
FAIXA LARANJA (VERMELHA em algumas organizações)
– Nível de estabilidade
A primeira cor depois do nível de pureza que é associado a cor de terra. O principal foco nesse nível é entender a base física.
Nesta fase, um estilo de vida e visão de ambição, gratidão, persistência e vitalidade devem ser adotados. Todo estudante deve estabelecer um compromisso de frequentar as aulas. Pode haver uma batalha interna para cada indivíduo em superar a teimosia que resiste ao desejo de assistir às aulas. É a sua batalha para vencer.
FAIXA AZUL
– Nível de fluidez, adaptabilidade
Azul, o simbolismo da cor da água.
Neste nível o aluno desenvolve uma habilidade básica para adaptar e reagir com fluidez. Assim como a água se adapta à forma de qualquer objeto que a esteja segurando. A adaptabilidade cresce através do kumite.
A independência começa a se estabelecer, o aluno aprende a se adaptar para melhor se adequar às suas forças e fraquezas físicas
FAIXA AMARELA
Nível de afirmação
Além de se concentrar puramente em habilidades físicas (como equilíbrio, estabilidade, coordenação e habilidade técnica geral), o Faixa Amarela também requer séria consideração aos aspectos psicológicos do treinamento – percepção, consciência, afirmação e manifestação da força de vontade
FAIXA VERDE
-Emoção / nível de sensibilidade
Verde é o primeiro nível das cores avançadas.
O faixa verde está agora mais consciente de sua inteligência única e da importância da benevolência e da compaixão. Ele perceberia que o poder sem sabedoria e compaixão é destrutivo, perigoso e insensível. Ele também aprende a combinar sua técnica com velocidade e força que foi desenvolvida através de treinamento duro.
Sensibilidade e timing – É preciso aprender a sentir as intenções e o equilíbrio do oponente e como calcular o tempo de uso das técnicas para obter o efeito máximo.
O faixa verde deve ter vislumbres do estado de espírito conhecido como zanshin, onde o corpo age perfeitamente sem esforço consciente.
FAIXA MARROM
-Pratico / nível criativo
Este é um nível muito importante, que deve ser realizado em um estado de espírito sério, responsável e maduro.
Até agora, a faixa marrom deve ser muito forte e muito confortável na execução de todas as técnicas, enquanto continua a se esforçar para atingir níveis cada vez mais elevados de habilidade.
Na disputa, a habilidade de controlar um oponente através
do tempo, controle de distância e sensibilidade, deve ser altamente
desenvolvida.
Os alunos juniores tendem a sentir que podem confiar em
um faixa marrom e o faixa marrom deve respeitar essa confiança por meio da
honestidade, integridade e lealdade.
Não importa qual seja a sua faixa, não pare seu caminho de treinamento Kyokushin Karate aqui.
“Banhado em suor, dedicado inteiramente ao que estou fazendo, durante meu treinamento eu transcendo a vida e a morte. ” – Mas Oyama.
OSU!
Adaptado da publicação em http://www.kwunion.com
