Você já se deu conta que a música e o karatê possuem muitas características em comum?

Podemos pensar que ambos são um tipo de arte, exigem muita dedicação e podem ser melhorados com prática e repetição.

Mas as semelhanças são mais profundas.

Para que uma música seja agradável, ela precisa de três pilares: Harmonia, Ritmo e Melodia. No karatê esta tríade é conhecida como Shin-Gi-Tai.

A filosofia do Shin-Gi-Tai é um dos principais conceitos do Budo moderno, como um mapa para que o praticante a trilhe seu caminho. É o que nos guia para a perfeição, mesmo sabendo que nunca chegaremos lá.

Vou resumir sobre cada componente deste conceito:

Shin

O kanji tem como significado “mente”, mas com uma percepção mais profunda, podendo ser entendido como coração e/ou integridade moral. Sobre este foco, chegamos a interpretação de “fazer uma tarefa pelo amor e não pelo ganho”.

Gi

Também chamado de waza, possui a tradução de “técnicas”
ou “habilidades técnicas”. 

A técnica (em qualquer que seja a arte marcial praticada) se desenvolve por repetição. “Mil horas para forjar, dez mil horas para polir” como disse o mestre Myamoto Musashi.  Não é uma simples repetição mecânica, mas uma repetição consciente que busca o entendimento sobre o trabalho realizado e o que fazer para progredir.

Tai

Tai representa o corpo e o esforço físico.

Devemos ser capazes de tomar cada movimento que fazemos e torná-lo parte de todo o corpo, a fim de maximizar sua eficácia.

Shin-Gi-Tai é a união entre mente, técnica e corpo que forma um atleta completo. A noção de Shin Gi Tai implica,
no Budo, que os três elementos devem ser dominados juntos.

Novamente aqui reforço o quanto o karate se assemelha com a música: Eric Clapton tocando sozinho e “desconectado” aplica o Shin-Gi-Tai. Ele se senta e coloca tudo de si em cada nota, atingindo não apenas as cordas do violão, mas os “cordões” do coração do público despertando o sentimento e trazendo lágrimas aos olhos.

Fortificar o corpo por si só não gera resultados se não soubermos quando e como usá-lo.

Buscar a perfeição da técnica não basta, pois nos deixa vazios e robotizados.

Um espírito forte pode gerar entusiasmo, mas pode perder sua credibilidade quando posto à prova.

O que mais importa é a ligação entre os elementos, a coragem, a paciência. É o que torna o todo maior que a soma de suas partes.

Tudo isto é Shin-Gi-Tai, e é o mais difícil de treinar.

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